sábado, 10 de janeiro de 2015

Manoel de Barros Passarinhou-se-Clevane Pessoa

Manoel de Barros, BA, passarinhou-se de vez... Não o corvo de Pöe com seu "nunca mais, nunca mais, jamais, never more, never more forever... mas um passarinho desses pardaizinhos para os quais coloco painço e pão e frutas em meus beirais pelo egoísmo de atraí-los mais para vê-los chilrear e dançar e tatalar as asas, a voejar, acorda-me e insiste: "-Podes continuar triste porque foi-se seu avozinho poético, aquele que nasceu para a singularidade do dizer plenificado de encantamentos". "Não mais, não mais", chilreia , insistente. Mas a aranha grávida de mil aranhinhas, qual ele de versos e imagens cotidianas, consola-me de sua teia forte e poderosa: "_ Ele continua , agora com outro tipo de presença. Viverá enquanto o lembrares, neste tempo imediato ,transitório, estará em cada passarinho! Lembra-te que para os egípcios, o BA, pássaro- alma, carregava o espirito dos que deixavam o casulo corporal." -"Sei disso,sei mesmo" responde-lhe meu self em lágirmas. Por isso não o ouvi nos nobres e raros pássaros canoros ou de plumagem multicolorida." Sua humildade permitiu que , riquíssimo de singularidade, fosse apenas passarinho, vivendo aqui e em outra dimensão ao mesmo tempo, pacientemente aguardando o desprendimento final enquanto nos passarinhava versos e prosa. Clevane Araújo Lopes Sinto que perdi meu avôzinho espiritual, mas não perdi de fato... continuo a colocar paiço e pão e frutas nos beirais do muro de meu terraço e a olhar seu retrato. Clevane belo Horizonte-mg-Brasil 14/11/2015

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